2/26/2007

Delírio

Necessidade imprudente,
cega, delirante,
dilacerante.

Percepção
discreta à violar.
Desencontro
no encontro.

Envolvimento
sem envolver.
Sons longínquos
levam à trilhar.

Feições esquecidas,
gestos ternos,
ásperos,
deslocam caminhos.

Palavras veladas,
emudecidas, fronteiriças,
naufragando na poeira
dessa alma fria, vazia.

(by Daniele)

"Percorri almas, palavras, feições, gestos,
deparei-me com o vazio existente. Sangrei
"

2/22/2007

Ciclos

Há um pouco de mim em ti,
pausa dissonante,
conflito hermético,
incessante.

Tempo finito,
anoitecer, amanhecer.
Intervalo no plexo,
fluir, silenciar.

Há o vão entre os ciclos,
metamorfose quase inativa,
corrompendo, tecendo os fios
que amparam o meu ser.

(By Daniele)

2/13/2007

A Semana de Arte Moderna

(13 a 18 de fevereiro de 1922)

Hoje faz exatos 85 anos que teve início o
episódio mais relevante e transformador
em relação a arte no Brasil, cunhado como,
"O Movimento Modernista". Movimento esse
que alterou em definitivo, toda a concepção
estética e expressional da arte.

A arte no século XX, sofre com a crise do
capitalismo correspondendo à vigorosa crítica
ao impressionismo, o que resultou em uma
mudança radical da tendência artística.


A nova arte pós-impressionista, como o cubismo,
surrealismo, futurismo, expressionismo, dadaísmo
e construtivismo, foi a mais radical transformação
artística, pois representou uma ruptura com
a tradição renascentista.

Na arte pós impressionista, criticava-se a
representação naturalista, deformando-se
deliberadamente os objetos naturais.
Assim, criticando o caráter ilusionista da
representação, procurava-se não reproduzir
a natureza, mas violentá-la.

A arte abandonou a mimese (imitação) e, a partir
de então, tentou fazer das obras uma realidade
própria, um duplo da realidade. A nova arte era,
por isso mesmo, anti-sensorial e, do ponto de
vista renascentista, uma antiarte.

Assim como na pintura destruíram-se os valores
pictóricos caros à Renascença, na poesia todas
as regras herdadas pela tradição, como a métrica
e a rima, foram abandonadas em favor da mais
completa liberdade criativa. O mesmo ocorreu
com a música, na qual se procurou a superação
da melodia e da tonalidade.


Na Europa encontravam-se vários intelectuais
brasileiros que ao vislumbrarem uma necessária
modificação em nossa arte, retornam ao Brasil e
tem início o Modernismo com Mário de Andrade
e Oswald de Andrade.


O Movimento Modernista deflagra no Brasil na
Semana de Arte Moderna em 1922, (13 a 18 de
fevereiro) trazendo uma nova linguagem em que
a criação se faz pela experimentação, na sua
plena liberdade, rompendo com o ciclo do
passado, quando a nossa arte era pautada
nos grandes mestres europeus.


Há uma eclosão de novas idéias artísticas, nos três
festivais, todos realizados no Teatro Municipal de
São Paulo. A Poesia através da declamação, a música
por meio de concertos. As Artes Plásticas, exibidas
em telas, esculturas e maquetes de arquitetura.


Esse movimento que mudou a forma da Arte no
Brasil, tem como idealizadores os grandes
intelectuais da época, como
Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Menotti
Del Picchia, Paulo Brado, Manuel Bandeira,
Anita Malfatti, Sergio Milliet, Di Cavalcanti,
Guilherme De Almeida, Agenor Barbosa, Victor
Brecheret, Rego Monteiro, Jonh Graz, Sérgio
Buarque de Hollanda, Villa Lobos, entre outros.


Os fatores preponderantes deste movimento foram:

1- A rejeição das concepções estéticas e artísticas
românicas, parnasianas e realistas.


2- Independência da arte no Brasil em que se
recusa as tendências européias.

3- Criação de novas formas de expressão que
representam a realidade contemporânea.


4- Transposição, para a arte, de uma realidade viva:
conflitos, choques, variedade e tumulto, expressões
de um tempo e uma sociedade.


O Movimento Modernista atinge o seu intento por
volta de 1930, em que completa a ruptura com o
passado, abrindo o foco às novas perspectivas,
que foram trilhadas pelas gerações seguintes.


"Nós éramos xifópagos. Quase chegamos a ser
deródimos. Hoje somos antropófagos (modernistas).
E foi assim que chegamos à perfeição...
".
Como
escreveu Antônio de Alcântara Machado, sobre O
Movimento Modernista, no primeiro exemplar da
Revista de Antropofagia (maio de 1928).

Referências:

1- Boaventura, Maria Eugênia. 22 por 22 A Semana
de Arte Moderna vista pelos seus contemporâneos.
Editora: Edusp

2- Schwartz Jorge. Caixa Modernista.
Editora: Edusp


3- Rezende, Neide. A Semana de Arte Moderna.
Editora: Ática

"Não há de se falar em Arte Brasileira sem o
movimento visionário dos Modernistas que na
época foram execrados e, hoje são exaltados
pelo legado incontestável. Hoje temos uma arte
"purista", oriunda do nosso País e a possuímos
por esse movimento cultural, ocorrido em 1922.
A nós brasileiros compete a gratidão eterna aos
precursores do Modernismo
".

(By Daniele Vasques)

Ps: Meus amores, estou azafamada por demais,
por esse motivo não tenho feito o que sempre
fiz, ir com todo o amor ao blog de cada um(a)
de vocês comentar. Me perdoem. Eu estarei
ausente alguns dias, mas assim que puder
retornarei e, como sempre irei a cada um
dos blogs com todo o amor, carinho, para
deixar os comentários como vocês merecem.

Sem dúvida alguma, o post mais relevante
que escrevi até hoje foi o Da Semana de Arte
Moderna
e quero agradecer de todo o meu
coração a amada amiga Vera que embora sendo
portuguesa é ávida pela cultura de todos os
países, aliás ela é um exemplo à ser seguido,
sempre interagindo, comentando, buscando
a cultura por onde passa. É uma amiga que
admiro demais. Agradeço também as(os)
amadas(os) Tina, Ana, Elisabete, Val,
Cadinho, Saramar, Cris, Ricardo, Lino,
Cantabile, Hilda, Farinho, Carlos,
Capucino , Angélica, Mundo Mágico,
Cleo, Cecilia, Soraia, Artur, Sereia, Copy,
Klatuu, Mariliza, que sempre prestigiam
e valorizam por demais a cultura.

Beijos na alma.

2/08/2007

Sentidos

são fios condutores
que a alma tece.


Estou diante de você,
frágil, exposta,
rasgada, desnuda.

Portanto convido
sente ao meu lado,

Ouça meu olhar,
perdido na escuridão.

Cheire meus medos,
tomados pela inexatidão.

Sinta o meu gosto,
doce como mel.

Toque meu coração,
com fúria,
doçura.

Conjugue
meus sentidos,
teça o amor,
rasgue em viés,
faça-me tua.

(By Daniele)

2/04/2007

Esquinas


Dobrei a esquina
fugindo do meu olhar.
Amordacei emoções,
calei o pranto.

Segui por estradas íngremes,
deixando rastros de solidão.
Devorei regras,
prescrições, a seco.

Cruzei pântanos,
escalei montanhas.
Fechei os olhos,
diante do medo.

Perdida em sentimentos,
abandonei-me, sombra,
pássaro cativo
em céu aberto.


Acalentei meu corpo com
lençois de pensamentos.
Pedi ao tempo guarida,
espera infrutífera, vã.

Adormeci
e ao raiar da manhã,
envolta em minha natureza
por um tempo esquecida,

sequei o pranto
e dobrei a esquina.

(By Daniele)