9/18/2007

Êxtase


Fizeste-me tua na promessa do beijo
antes ainda do sussurro do desejo,
Fizeste-me tua no abraço sonhado
no ardor do teu corpo sedento, amado.

Fizeste-me tua no murmúrio da lua
em todas as esquinas da minha rua.
Teu cheiro imerso em meus poros
impregnavam sorrisos do meu êxtase.

Sabia que um dia virias, posseiro
já me sentia e me sabia tua, inteira.
Teus lábios, recônditos da minha espera
derramaram-se sobre a minha nuca, nua.

Em inconfessáveis desejos despidos
inebriados em prazeres tantos, ofegantes.
Em meio a confusão dos nossos corpos
explodimos unos em gotas de vida.

(by Daniele)

9/15/2007

Baryshnikov: A Lenda


Em julho de 2007 o acontecimento mais significativo
em relação as artes ocorrido no Brasil, foram as
apresentações da maior lenda viva do Ballet, o maior
bailarino de todos os tempos, o inigualável
Mikhail
Nikolaévich Baryshnikov,
que aos 50 anos, junto a
sua
Cia de Ballet Hell’s Kitchen Dance, retornou
aos palcos para deixar seu nome eternizado.


Jamais alguém se atreveu a manter-se nos
palcos por tanto tempo, mesmo porque a vida útil,
em geral, de um bailarino (a) é no máximo de
35 anos. Não é uma questão de escolha mas sim
dos limites do corpo que o tempo impera
impiedosamente. Os únicos que fugiram a regra,
foram Margot Fontaine (bailarina britânica),
que se manteve ativa nos palcos com mais de
40 anos e a Lenda: Baryshnikov.

Não é novidade para aqueles que me acompanham que
sou bailarina clássica por formação e contemporânea
por opção e me atrevo, sem temor algum em afirmar:
"Mikhail Baryshnikov ultrapassou todos os limites,
tornando-se o maior bailarino de todos os tempos,
mesmo o polêmico e genial, Vaslav Nijinski"


Em três oportunidades pude vê-lo em cena, e vê-lo
em cena é como estar com Michelangelo Buonarroti no
momento em que esculpia Pietà; como estar junto a
Pablo Picasso no momento em que pintava Guernica;
estar junto a Dante Alighieri no momento em que
escrevia a Divina Comédia; ou estar ao lado de
Vinícius de Moraes enquanto escrevia
os seus sonetos.


Enquanto aqueles que pretendem se profissionalizar
no ballet, iniciam no clássico aos 5 anos , Baryshnikov,
iniciou aos 17 anos, (jamais houve no ballet quem iniciou
tão tarde e obteve êxito) no kirov. Com 19 anos já era
considerado o melhor bailarino do mundo pelos
mestres, e aos cinquenta anos continua sendo.

Para ser bailarino(a), mister é o dom, a genética,
a devoção, a disciplina, a certeza do trabalho
corporal exaustivo, diário, ultrapassando os
limites, convivendo com a dor e a paixão.

Para ser Baryshnikov, mister é ser Baryshnikov,
é nascer com um corpo afortunado, como poucos
possuem, rompendo a gravidade com extrema
facilidade. Enquanto a maioria dos mortais
trabalham avidamente seus corpos para
atingirem 180 graus ao elevarem a perna;
Baryshnikov se atreve a ter a mais perfeita
elevação sem o menor esforço. Enquanto
trabalhamos arduamente, por horas, dia
após dia, a postura, a força muscular;
Baryshnikov ousou por muito tempo,
em suas memoráveis apresentações,
acender um cigarro no palco, fazer
um aquecimento básico de 3 à 4
minutos, para irromper no ar
como o mais belo pássaro.

Baryshnikov nasceu no templo dos bailarinos, Rússia,
estudou no Kirov e logo pediu asilo nos Eua. Enquanto
os mortais do ballet, acreditam que bailarinos só podem
dançar clássicos, Baryshnikov com propriedade, mostrou
ao mundo, através das coreografias magistrais de
Balanchine, feitas especialmente para ele que é
possível com a formação clássica dançar todas as
vertentes, desde que a formação seja mantida,
pois sem essa não há como ser bailarino(a), nem
dançar o jazz, o contemporâneo, o sapateado, etc.
Todos requerem sempre a formação e o trabalho
diário no clássico.

O legado de Baryshnikov é incontestável, é o maior,
o mais complexo e completo bailarino
de todos os tempos.

"Dançar é um ato de contrição, enquanto procuramos
a redenção e a perfeição junto ao Criador"

(by Daniele)

Deixo abaixo dois momentos memoráveis de Misha na
dança contemporânea, ambos são vídeos do filme White
Nights. No primeiro vídeo Baryshnikov contracena com o
então dançarino de sapateado, já falecido,Gregory Hines.
Aqui vemos a grande diferença entre um bailarino e um
dançarino, na postura, nos saltos, na envergadura, na
muscultura perfeita, nas posições.
No segundo, para aqueles que tiverem um pouco
de paciência, inicia-se com um diálogo e de repente
Baryshnikov, começa a dançar com carga dramática
em um dos mais belos solos já visto na dança
contemporânea, em que na sua magnitude,
sua perfeição, nos remete à pensar que não se
trata de um mortal, mas sim de uma obra talhada
por Deus, cuja finalidade é nos mostrar um
Ser Perfeito, para o deleite de todos
que apreciam o Ballet.




9/10/2007

Caneta de Ouro

ambos são os idealizadores do evento. Para
conhecer as regras, clique Aqui.

Estou concorrendo com os poemas:


- Ei-lo indicado por André L. Soares e Rita Costa.

- À flor da pele indicado por Mariliza.


Os poemas por mim indicados para concorrerem
ao Prêmio Caneta de Ouro foram:


- A Cor da Letra com o poema: Tua Boca

- Altar da Alma com o poema:
Sal da Vida

- Fúria das Águas com o poema:
Façamos um Brinde

- Poemúsicas com o poema:
Cabedais

- Tempo de Saturno com o poema:
Chance Divina


Boa Sorte à Todos

(by Daniele)

9/09/2007

Um ano junto a vocês...


Faz um ano que esse espaço nasceu e desde
o início fui acolhida com muito carinho por todos.
Quero agradecer profundamente esse carinho que
é mútuo e principalmente quero agradecer a minha
querida amiga Sónia do
Blog Segredos Guardados,
que justamente no aniversário de um ano, honrou
me e muito me emocionou com a indicação dos blogs
que mereciam ser conhecidos, como é o objetivo do
Blog Day, criado na convicção de que os bloggers
deverão ter um dia dedicado ao conhecimento de
novos blogs, de outros países ou áreas de interesse.

"Em comemoração da sua terceira edição, os bloggers
deverão fazer um post a recomendar a visita a novos
blogs, de preferência, blogs de cultura, pontos de
vista ou atitude diferentes do seu próprio blog.
Hoje, os leitores de blogs poderão conhecer e
descobrir blogs desconhecidos, celebrando a
descoberta de novas pessoas e novos bloggers."

"Não sei se sou merecedora de tal honra, mas diante
da veracidade que há em mim, confesso que minha
alegria é imensa, bem como a emoção"


Minha querida amiga Sónia definiu esse espaço como:

"Mulheres de preto - À partida pode parecer um blog
idêntico ao meu mas como o Blog Day pretende que
indiquemos blogs de cultura este é um bom exemplo,
pois para além dos seus poemas belíssimos e
irresistíveis Daniele fala-nos de autores de
todas as artes, como numa espécie de pequena
homenagem. Um delicioso blog, ao qual
é impossível ficar indiferente"


Minhas indicadas são as poetisas, que
esboçam seus sentimentos através dos versos
com encanto e magia, diante do amor, das dores,
lágrimas, alegrias, vitórias e principalmente
aquelas (eles) que têm honrado com a presença
constante, este espaço, comungando a cada novo
post. O amor, carinho e respeito que nutro por
todos é mais do que sabido, portanto todos
aqueles que comungam junto a mim sintam-se
prestigiados. Agradeço do fundo da minha alma
o aconchego e o carinho que tem sido constantes.

Fúria das Águas: O recanto da minha querida amiga
Lênia, poetisa, que dentro da síntese nos contagia com
seus versos impregnados por sensualidade, feminilidade
e graciosidade.

Impulsos: O recanto da querida amiga Cleo, poetisa,
que teces com magia as letras, como se fosses rendas
e com uma sensibilidade tocante. Os versos de Cleo
nos entranha e nos toca a alma.

Momentos...Maria: O recanto da minha flor mais bela,
Miosotis, em que a fina poesia conjugada a verve
impoluta, verte emoção à cada linha, nos
remetendo, como em sonho, para dentro
da sua prosa.


Segredos Guardados: O recanto da minha encantadora
amiga e poetisa Sónia. Com apenas 20 anos, Sónia
é um talento nato, sua forma de tecer os versos
assolados por sentimentos são de uma delicadeza
sem fim. Nos apaixonamos a cada estrófe
e vislumbramos todo o sentimento que há.
Somente aqueles que possuem sensibilidade
ímpar, captam o sentimento que entorna
na sua poesia.

Tempo de Saturno: O Recanto da minha irmã de alma
e poetisa Mariliza. Uma mulher ousada, que se desnuda
crua em cada verso, sem o menor pudor. É evidente na
poesia de Mariliza que ali está uma mulher que não se
prende as convenções, quando chora, o faz em versos,
quando sofre, sofre em versos, quando ri, ri em versos
e assim sucessivamente. Devastadora, avassaladora
e torrencial, assim é a poesia de Mariliza,

assim é Mariliza.

Agradeço também todo o carinho do querido amigo
Dimitri que fez um texto belíssimo sobre o espaço
Mulheres de Preto no seu
Blog.

Mais uma vez quero agradecer à todos que comungam
junto a mim, mesmo aqueles que por um breve instante
deixaram um recado neste espaço. Mas reitero, minha
gratidão e o meu amor perene aqueles que a cada post
estão junto a mim, não há presente maior do que essa
dádiva, que são as mensagens, que não ficam apenas no
blog, mas sim guardadas no meu coração. Esta é a forma
verdadeira de dizer em oculto:
"Gosto de ti e dos teus sentimentos"

Se as indicadas quiserem dar continuidade
fiquem a vontade para pegarem o selo.

Beijos à todos

(by Daniele)

9/06/2007

Simone: A Musa Existencialista


Li, reli e recomendo "Un Amour Transatlantique" de
Simone de Beauvoir, Editora: Gallimard.
Esse livro
traz as 304 Cartas (1947/1964) que Simone escreveu
para o seu grande amor, o escritor norte americano
Nelson Algren (Autor do proclamado livro:
The Man with the Golden Arm).

O livro, organizado pela filha adotiva de Simone, Sylvie
Le Bon de Beauvoir,
revela a escritora de forma bastante
diferente daquela até então conhecida através de seus
livros, suas idéias, seu engajamento político,
filosófico e literário que sempre revelaram
uma intelectual intrasigente.

Na obra enxergamos Madame Beauvoir despida de todos
os conceitos, traz à tona demonstrações francas de afeto
e a linguagem apaixonada de uma mulher amorosa,
engraçada, livre, sensual, tomada pelo desejo,
pela ausência e pela espera do ser amado. Com
requintes pueris, inerentes à todos Seres
enamorados.

A fruição da leitura destas cartas nos envolve em uma
apaixonada história de amor e nos oferece um contexto
muito rico, onde se aprende acerca da história da
humanidade imediatamente ao pós-guerra. Ela descreveu
seu longo e apaixonado relacionamento com Nelson
em seu romance Os Mandarins (1954).

O primeiro encontro entre os dois foi por acidente.
Simone com 39 anos viajava pelos EUA nos anos 40
e, quando chegou a Chicago, teve por cicerone Nelson
Algren, 38 anos, um romancista de fortes tendências
marxistas.

Simone se apaixonou de imediato e,
quando retorna a França já escreve à ele:
"Até breve ou adeus, não esquecerei esses dois
dias em Chicago; quero dizer que não o esquecerei".

E jamais o esqueceu.



"Eu sinto muito sua falta, de suas mãos, seu corpo
quente e forte, seu rosto, seu sorriso, sua voz;
sinto terrivelmente sua falta".
Sua Simone

"Boa noite, querido, sinto-me sossegada e feliz esta
noite, sei que irei vê-lo; não será muito breve,
não será por longos anos, mas também não por apenas
alguns dias. Só tenho de esperar, e vai acontecer.
Durante semanas e semanas será com meus lábios que
direi "boa noite, querido", e na cama, aquecida pelo
seu calor, você estará lá, quando eu despertar. Será
maravilhoso! Eu o sinto bem próximo, se hoje a minha
cama não está aquecida pelo seu calor, ao menos
o meu coração está".
Sua feliz e apaixonada rã.
Sua Simone.

Enquanto escrevia "O Segundo Sexo" (1949)
(A Bíblia feminista), tratado sobre a necessidade da
emancipação da mulher, no qual disseca, com acuidade,
a condição feminina, confessava para Algren querer
servi-lo: "como uma árabe".

Simone nunca teve a coragem em deixar Sartre, pelo elo
intelectual que os unia, pela amizade, pelos ideais
similares e, devido a relutância de Nelson em viver
em Paris, Simone decide romper depois de 17 anos e
uma dúzia de vezes em que se viram durante o romance.
A dor de Simone acompanhou-a até o fim, por várias
vezes caiu em prantos devido o amor que decidiu
abandonar. Nelson nunca superou a ruptura, sempre
negou o romance e depois de uma entrevista em que
deixou evidenciado o rancor por Simone, faleceu.

Simone amou verdadeiramente Nelson,
certa vez escreveu:
"Nos tornamos mais dependentes de um amor
quando ele termina do que enquanto ele dura".

Não irei acrescentar no que tange a frase acima de
Simone, mas sim corroborar. Enquanto estamos
vivenciando um amor, não teorizamos a respeito.
Só a partir da ruptura é que fazemos um inventário
dos ganhos e das perdas e, por estarmos na maioria
da vezes emocionalmente fragilizados, acabamos por
superdimensionar nossa solidão involuntária.
Conclui-se que o único remédio para a dor de
amor é aceitar que as coisas vêm e se vão,
como as ondas no mar.

(by Daniele)

9/01/2007

Branco & Preto


Esbocei os meus segredos,
os mais secretos, íntimos.
Crítica, delineei o meu sentir
à minha liberdade ao meu agir.


Na tela imaginei o calor
das nossas emoções.
Determinei as ilusões
O reencontro delimitei:
O toque não deixaria marcas.

Nem mesmo o beijo eu pintaria,
pelo pincel dos meus anseios,
contorno da minha saudade.


Preto e branco são as cores
em que visto o nosso abraço
que na pintura se arrasta.

Distante é o traço, fraco,
Abstrata é a dor.

(by Daniele)