Quero agradecer profundamente a delicadeza, sempre constante, das minhas tão queridas amigas Lênia, Saramar e Betty, que honraram esse espaço, indicando-o com o selo as 7 Maravilhas da Blogoesfera.
Regulamento:
1. Podem participar na votação todos os bloggers que se mantenham activos há mais de um mês [os outros esperem por outra ideia brilhante que alguém irá ter].
2. Cada blogger deverá referenciar sete nomes de blogs. A cada menção corresponde um 1 voto.
3. Cada blogger só poderá votar uma vez, e deverá publicar as suas menções no seu blog [da forma que melhor lhe aprouver], enviando-as posteriormente para o seguinte e-mail: 7.maravilhas.blogoesfera@gmail.com.
No e-mail, para além da escolha, deverão indicar o link para o post onde efectuaram as nomeações. A data limite para a publicação e envio das votações é dia: 01/07/2007.
4. De forma a reduzir alguns constrangimentos [e desplantes], e evitar algumas cortesias desnecessárias, também são considerados votos nulos:- Os votos dos blogger(s) em si próprio(s) ou no(s) blogue(s) em que participa(m); - Os votos no blog O Sentido das Coisas.
No dia 7.7.2007 serão anunciados os vencedores e disponibilizadas todas as votações.
Através desta deliciosa nomeação, devo da continuidade indicando 7 blogs:
"Quero reiterar o que já disse anteriormente, fiquem todos a vontade para receber ou não e dar ou não continuidade".
-------------#-------------
Recebi esse mimo tão gracioso e suculento da minha irmã de alma Mariliza, do Blog Tempo de Saturno, um ser humano raro em todos os sentidos que adoro demais. Muito obrigada doce irmã, os tomates irão se multiplicar, simbolizando a nossa irmandade.
-----------#-----------
A minha querida irmã de alma Elisabete Cunha, enviou-me o mimo acima, cujo teor nem ela sabe. (rs) Relendo o post da querida amiga, encontrei algumas definições para o mimo. "Foi criado pela Marta F. do Blogue com Grelos e premia mulheres que, na sua escrita, para além de mostrarem uma preocupação pelo mundo à sua volta ainda conseguem dar um pouco de si, dos seus sentires e com isso tornar mais leve a vida dos outros. Mulheres, mães, profissionais que espalham a palavra de uma forma emotiva e cativante. Que nos falam da guerra e do amor"
O prémio “Blogue com Grelos”, destina-se a distinguir a escrita no feminino, em toda a net lusófona. Não serão permitidas nomeações de blogues de escrita no masculino ou com participação masculina.
Indico duas amigas e poetisas muito queridas, que se quiserem, peguem o selo e indiquem ou não outras pessoas:
Agradeço novamente, a generosidade e o carinho da minha irmã de alma, Elisabete Cunha do Blog Encanto, que mais uma vez me atribuiu o Thinking Blogger. Não irei apontar outros cinco bloggers porque já o fiz em outra oportunidade, quando recebi das amigas, Hilda e Vera, tão significativo mimo.
No Egipto, as bibliotecas eram chamadas “Tesouro dos remédios da alma”. A importância dada à leitura era, para os egípcios, algo de muito precioso na formação intelectual e social do seu povo.
Ao reflectirmos sobre as políticas que têm sido implementadas no nosso país, facilmente chegamos à triste conclusão que não será fácil afastarmo-nos do pódio dos países europeus com menores índices de leitura.
Segundo a APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, editam-se em Portugal por mês mil livros, sendo na sua maioria edições de autores ou de instituições que sequer chegam ao mercado do livro.
Ao sermos artífices da escrita e também, por vezes, editor das nossas próprias obras, julgamos que tudo isto se deve à difícil acessibilidade por parte dos escritores menos mediáticos ao obscuro e até, por vezes, pantanoso circuito editorial.
Para o mercado, é mais vendável um livro da chamada literatura “cor de rosa”, do que um livro de poesia ou um ensaio sobre história local. Ou seja, é preferível encher os escaparates com “livros ocos” de algumas vedetas televisivas, do que pôr à disposição dos leitores obras de utilidade para a sua formação.
Este conceito leva-nos ao pensamento do filósofo alemão Friedrick Nietzsche que a respeito da importância dos livros, dizia: “Os leitores extraem dos livros, consoante o seu carácter, a exemplo da abelha ou da aranha que, o suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno”.
O incentivo à leitura, passa por um permanente investimento na preservação das próprias raízes históricas e na restruturação dos conceitos de políticas de apoios, não se esquecendo os mais jovens leitores.
A urgente existência de bibliotecas em todas as escolas do ensino primário, onde para além dos autores portugueses curriculares, deveriam também ter um espaço destinado às obras de cariz local, importante fonte de cultura e saber.
Nesta última vertente, é digno o contributo de algumas autarquias (municípios ou juntas de Freguesia) que mesmo sendo vítimas de cortes na “Lei das Finanças Locais” por parte do Governo Central, têm desempenhado uma importante contribuição à leitura e à divulgação de novos valores, com o apoio e edição de obras de autores locais.
Creiam caros leitores, que ler é fazer amigos, rodearmo-nos de pessoas fascinantes, a quem se tem acesso sem bater à porta; bastando apenas que voltar uma página e emergir no imaginário mundo da escrita e quem sabe se a partir desse momento, não iniciamos uma nova era na nossa vida.
ARTUR VAZ
Extraído do livro de crónicas em preparação “Entre Aspas e Reticências”
O nosso querido amigo Artur Vaz, convidou-me para fazer a resenha de sua obra, que será publicada no seu novo livro. Eu a fiz e já enviei ao mestre, porém hoje, irei discorrer sinteticamente sobre a grandiosa obra de Artur Vaz, pois tenho sido honrada com seus livros, com sua presença constante e a cada dia que se passa descubro mais a genialidade desse amigo, poeta, cronista e jornalista português.
"Ao Mestre Artur Vaz..."
A obra de Artur Vaz (composta por crônicas e poemas) é profundamente densa na forma e nas idéias que defende; apresenta-se coerente, original, veemente, una.
Nas suas crônicas, como beletrista que é, encontramos um brado forte, pois sabe como poucos usar e dar eficácia à palavra, sedimentando alicerces profundos, cujo objetivo é evidenciar a realidade sócio-cultural. Constrói sobre o tripé - sociedade, ética e valores - obras memoráveis que transformam a intelecção do leitor. Seus poemas arrojados são verdadeiros ensaios sobre a arte poética, com marcante sentido social e cenas do cotidiano.
Artur faz da palavra, tanto na poesia como na crônica, arma de combate autêntica, verbo explosivo e construtor, conferindo àquela um significado renovador, vital e educador.
Como artesão da dialética, emprega na linguagem coloquial um inusitado arrojo das rimas. O mestre não procura, ensina; não se propõe à eutimia, combate; não se atém às quadras, permite o fluir gracioso da letra; não busca o estético, brada a verdade nua e crua, rasgando as entranhas e expondo as chagas sociais.
Com a atitude contemplativa de saber olhar e entender o mundo, capta de toda a vaga de sentimentos e emoções que pela fina escrita se evidenciam como sinais de não haver outras inquietações. E, assim, esse obscuro sentido das coisas se decanta "VAGUEANDO" em um "embalar melódico, que parece ir embalando meu coração tristonho e frio como a areia que os meus pés vão pisando", na harmoniosa frequência de vocábulos como "melódico", "tristonho", "embalando", "olhando", "pisando", "infinito", "desejado", "encontro", "abandono". O que mais se observa na carga expressiva da sua obra poética é o nítido tom desenfadado e subtil de captar o sentido profundo das coisas, sentimentos e idéias.
"Ao Mestre com carinho..."
Mestre amigo, parceiro sereno, doce e autêntico, generosidade aflorada, palavras precisas, serenas firmezas, o verbo na polpa dos dedos, à flor do coração, em carne viva.
Hoje comemoramos os 63 anos de vida do maior cancioneiro da nossa MPB, o magistral Francisco Buarque de Hollanda, compositor, cantor e escritor. Falar sobre Chico é falar sobre "unanimidade nacional", referência obrigatória em qualquer citação à música brasileira. Chico é reverenciado mundialmente, através das suas composições absurdamente belas e através dos seus livros memoráveis.
Nos últimos quarenta anos, não há como separar a influência poética, harmônica e melódica de suas composições ao amadurecimento da MPB. Chico também ficou marcado na música brasileira como o homem que melhor conseguiu compor como mulher. Mulheres de Atenas, Tatuagem, Atrás da porta, Folhetim, Pedaço de mim, entre outras, são pérolas de seu lirismo feminino.
"Preciso não dormir, até se consumar, o tempo da gente, Preciso conduzir um tempo de te amar, te amando devagar e urgentemente. Pretendo descobrir no último momento, um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo o sentimento e bota no corpo uma outra vez. Prometo te querer até o amor cair doente, doente...Prefiro então partir a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente. Depois de te perder te encontro, com certeza, talvez num tempo da delicadeza, onde não diremos nada...nada aconteceu, apenas seguirei como encantado ao lado teu" (Todo o Sentimento: Chico Buarque e Cristovão Bastos)
Vez por outra Deus força a mão e cria um talento único. Quando a este talento se unem a inteligência e a sensibilidade, mesclando o artista ao intelectual, a coragem ao humor e a cultura aos olhos verdes, aí surge Chico Buarque de Hollanda.
"Quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei, eu te estranhei, me debrucei sobre teu corpo e duvidei e me arrastei e te arranhei e me agarrei nos teus cabelos, nos teus pelos, teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama, sem carinho, sem coberta no tapete atrás da porta, reclamei baixinho. Dei pra maldizer o nosso lar, pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço, te adorando pelo avesso, pra mostrar que ainda sou tua...Só pra provar que ainda sou tua... " (Atrás da Porta: Chico Buarque e Francis Hime)
Chico é um desvario, artesão habilíssimo, lê as nossas entranhas. Sua lírica dramática é extremamente sensível ao corpo que sofre e goza. Sua poesia- música está cheia de imagens de contundência e intensidade corporal, ela capta a entranha senvível e por isso é tão fina para o erótico, o social (lendo o futuro tal como ele se inscreve nas vísceras) e o feminino sempre tão marcante.
"Ah, se já perdemos a noção da hora, se juntos já jogamos tudo fora, me conta agora como hei de partir. Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, rompi com o mundo, queimei meus navios, me diz pra onde é que ainda posso ir. Se nós, nas travessuras das noites eternas, já confundimos tanto as nossas pernas, diz com que pernas eu devo seguir. Se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu. Como, se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato ainda pisa no teu. Como, se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos, me explica com que cara eu vou sair. Não, acho que estás só fazendo de conta, te dei meus olhos pra tomares conta, agora conta como hei de partir" (Eu te amo: Chico Buarque e Tom Jobim)
Ouvir, ler Chico é ter uma riquíssima aula de língua portuguesa é ser inundada pelo que há de mais belo, denso e avassalador ! Saber de Chico é uma alegria infinita, porque esse homem incomparável além de todos os atributos que possui é Brasileiro!
A obra de Chico é tão genial, que ao ouvi-lá descobrimos ser ela sozinha uma antologia da nossa música popular.
(by Daniele)
Deixo abaixo uma das músicas mais lindas da MPB, letra de Chico Buarque e melodia de Tom Jobim, "Eu Te Amo".
Quero penetrar em tua alma, mergulhar em teus segredos, tirar de ti todos os medos, encontrar o sol que guardas, afugentar tuas sombras, embalar-te nas ondas. Cultivar teu sorriso incontido, demasiado, colher contigo alegria desmesurada, infinita. Que fluas como os rios desaguando nos mares. Qual pássaro livre voe célere pelos ares. Tua vida seja tua, mas que divida comigo, uma só noite de lua.
"Essa poesia eu escrevi faz 12 anos para um amor inigualável"
E por falar em amor, recebi da minha irmã de alma, Elisabete Cunha, do Blog Encanto e de outra irmã de alma, minha doce Tina do Blog BlueMoon o Award acima que corresponde aos Blogs que emanam amor. Minhas amadas Elisabete e Tina, muito emocionada fiquei com o gesto e com a lembrança.Agora tenho a missão de nomear 15 Blogs que também emanam amor. A priori eram 10, mas não me contive. Todos que comungam comigo emanam e exalam amor:
Meus queridos(as) deixo-os totalmente a vontade para pegarem ou não o award e darem ou não continuidade. Jamais quebrei as regras de algo que me foi passado, mas desta vez não houve como, se algum dos que indiquei quiser atribuir à 5, 10, 15, fiquem isentos do protocolo, pois eu o quebrei.Percebi visitando os blogs que sem saber acabei atribuindo à inúmeros amigos que já receberam. Peço desculpas pela minha falha. E com todo o amor também atribuo às minhas queridas ElisabeteeTina esse mimo tão expressivo.
Os demais blogs da minha lista já foram premiados, por esse motivo não os mencionei. Mas sempre quero que se lembrem que é para todos, porque todos emanam o sentimento mais nobre que há: O AMOR.
Fui convidada pelo amigo Mário do Blog Apoio Fraterno à discorrer sobre os últimos livros que li. Acabei de ler os livros que foram o alvo do meu último post, sobre Maiakovski. - Vida e Poesia e Mistério Bufo (ambos de Vladimir Maiakovski), A poética de Maiakovski de Boris Shnaiderman e I Love, the story of Vladimir Maikaovski and Lilia Brik, dos escritores americanos Ann e Samuel Carters. Por esse motivo citarei dois livros que li, reli e considero-os entre outros, obras primas da literatura:
"O Amor nos tempos do cólera" Gabriel García Márquez Editora: Record
Esse livro entre outros está na minha cabeceira, sou apaixonada por todas as obras do genial escritor colombiano, Gabriel García Márquez. Já reli esse livro incontáveis vezes e se alguém ainda não leu, indico sem temor, como indico toda a obra de Gabriel, também conhecido por Gabo.
Em O amor nos tempos do cólera, Florentino se apaixona pela trança de Fermina, o romance dura algumas cartas, mas ao conhecer seu admirador, a moça o rejeita e se casa com Urbino, com quem vive por quase cinquenta anos. O amor de Florentino, porém, persiste a vida inteira. No final do livro, Florentino e Fermina se reencontram para resolver a antiga história.
O autor não tem o menor pudor de usar todos os recursos de sedução da línguagem para nos enredar, nos prender. E os usa com genialidade! Há um um encanto nas comoventes banalidades do amor cotidiano.
"O amor nos tempos do cólera" é uma rica enciclopédia sobre o amor, e em suas páginas podem-se encontrar praticamente todas as manifestações reais ou imaginárias desse sentimento tão cruel quanto maravilhoso. O amor segundo o mestre é tão pessoal que faz o leitor repensar os limites que ele próprio impõe aos seus sentimentos.
Márquez realiza nesse livro seu vôo mais próximo da linguagem popular caribenha, o que explica a intensa cor local de sua prosa, cheia de versos de música e modos verbais inusitados para aqueles que têm a boa fortuna de conhecer o espanhol. "O amor nos tempos do cólera" é o livro que mais se alimentou da biografia pessoal e familiar de Márquez.
Esse romance é o preferido de Márquez, como afirmou inúmeras vezes e, sem dúvida, é mais factual e menos metafísico que "Cem anos de solidão", romance que deu ao autor a projeção internacional. Por "Cem anos de solidão", Gabo recebeu em 1982 o Prêmio Nobel de Literatura.
------------#------------
"O Grande Gatsby" F. Scott Fitzgerald Editora: Record
O Grande Gatsby é um romance que de alguma forma se une a vida do autor, Francis Scott Fitzgerald, o escritor que pelo estilo de vida boêmio, tornou-se o ídolo da chamada "geração perdida", que proclama a falência do sonho norte americano de uma sociedade harmônica.
Scott junto a sua mulher Zelda, viviam uma espécie de conto de fadas. Ambos eram ricos, bonitos e viveram freneticamente, ditaram um estilo de vida, cobiçado por muitos.
Dilapidaram o patrimônio, Zelda era esquizofrênica, terminou seus dias em um manicômio (onde morreu em um incêndio), enquanto Scott tentava continuar escrevendo, mas não obteve êxito. Morreu aos 44 anos, após duas tentativas de suicídio, entregue ao alcoolismo e ao ostracismo, deixando uma obra inacabada, "O Grande Magnata". Todas as obras de Scott Fitzgerald são belíssimas.
No livro Gatsby acumula grande fortuna e se torna figura lendária de uma América próspera, embalada pelo ritmo do jazz, as máquinas de Detroit e o cinema.A estória de ascensão é narrada por Nick Carraway, um convidado assíduo às festas de Gatsby. Carraway logo descobre a infelicidade íntima de seu "herói", que cultiva um antigo amor, mal resolvido, por Daisy que é esposa de um milionário. Gatsby e Daisy se reencontram e tornam-se amantes. Há uma intriga no livro que leva Jay Gatsby a um fim trágico.
Romântico e sentimental, de uma beleza melancólica e triste, o livro retrata a recusa da maturidade, a incapacidade de envelhecer e uma obstinação: a de continuarem jovens, ricos e belos eternamente.
(by Daniele)
P.S.:Por estar extremamente azafamada e com visitas, não participei da blogagem coletiva sobre um planeta limpo, tema extremamente relevante e sério, pois se não nos conscientizarmos dos problemas relacionados ao meio ambiente o nosso planeta sucumbirá. A iniciativa foi do nosso amigo Lino Resende. Me uno a todos nesta causa e deixo meus parabéns ao Lino e à todos os participantes.
"Sou poeta. É justamente por isto que sou interessante". (Maiakovski)
Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, foi um dos principais integrantes do movimento futurista de seu país, distinguindo-se como o mais ousado e renovador da poesia russa do século XX.
Tornou-se um poeta marcado pelo sinete da rebeldia exacerbada e desmedida. Apoiou sua vida no tripé Poesia, Amor e Revolução. A revolução se fez poesia e o amor se converteu em revolução. Como diretriz artística, o poeta optou pela vanguarda, que se bifurcaria em vanguarda formal e vanguarda revolucionária.
Aparentemente retórico e essencialmente prático, foi um dos primeiros poetas a usar um vocabulário urbano, cotidiano e destituído de aura estética, com o qual soube, no entanto, expressar-se em metáforas brilhantes e de meticuloso tratamento artesanal. Isso pode ser constatado em toda a sua obra e principalmente nas cartas de amor escritas à Lila Brik, sua amante, companheira e musa inspiradora.
O poeta até o fim viveu por Lila e para Lila. Alguns biógrafos atribuem a morte precoce do poeta, (cometeu suicídio aos 36 anos) a vários fatores, entre eles o amor por Lila que o consumiu demais.
Para ele, o amor era pura fonte de poesia, e falar de amor era falar de Lila Brik.
LÍLITCHKA!
Em lugar de uma carta Fumo de tabaco rói o ar. O quarto - um capítulo de inferno krutchônikh. Recorda - Atrás desta janela pela primeira vez apertei tuas mãos, atônito. Hoje te sentas, no coração - aço. Um dia mais e me expulsarás, talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço, trêmulo, se recusa a entrar na manga. Sairei correndo , lançarei meu corpo à rua.
Transtornado, tornado louco pelo desespero. Não o consintas, meu amor, meu bem, digamos até logo agora.
De qualquer forma o meu amor - duro fardo por certo - pesará sobre ti onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida num último grito estronde. Quando um boi está morto de trabalho ele se vai e se deita na água fria.
Afora o teu amor para mim não há mar, e a dor do teu amor nem a lágrima alivia. Quando o elefante cansado quer repouso ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor para mim não há sol, e eu não sei onde estás e com quem. Se ela assim torturasse um poeta, ele trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mais a mim nenhum som me importa afora o som do teu nome que eu adoro. E não me lançarei no abismo, e não beberei veneno, e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora o teu olhar nenhuma lâmina me atrai com seu brilho. Amanhã esquecerás que eu te pus num pedestal, que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval - dispersarão as folhas dos meus livros... Acaso as folhas secas destes versos far-te-ão parar, respiração opressa?
Deixa-me ao menos arrelvar numa última carícia teu passo que se apressa.
(à Lila)
Maiakovski pretendia uma poesia de massa e, assim o fez, com toda a força e energia que dispunha. Fez lucidamente, obreiramente, profissionalmente, sinceramente. "Eu sou uma fábrica", disse ele. E foi de fato, um operário da palavra. Fez um discurso prático e não estético; foi útil e não usado; declamou, não reclamou. Em suma, foi um homem de realidade nua e crua e não dos costumes e das modas.
Referências:
- Maiakovski:Vida e Poesia Maiakovski Vladimir Editora: Martin Claret
- Mistério-Bufo Maiakovski Vladimir Editora: Musa
A poesia de Maiakovski expressa seu lirismo, mesmo que oculto na agressividade e amargura das imagens convocadas e da linguagem usual. O Poeta era um indivíduo e como todo indivíduo vivia em subjetividade, não obstante a ênfase maior do seu viver fosse dirigida à sociedade. Nunca conseguiu agradar a muitos devido a sua rebeldia, seu comportamento ideológico de esquerda e suas tendências excessivamente inovadoras, chamada "arte de esquerda", que opunha-se à ideologia revolucionária.