(1893-1930)
"Sou poeta.
É justamente por isto que sou interessante".
(Maiakovski)
Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, foi um dos
principais integrantes do movimento futurista
de seu país, distinguindo-se como o mais ousado
e renovador da poesia russa do século XX.
Tornou-se um poeta marcado pelo sinete da rebeldia
exacerbada e desmedida. Apoiou sua vida no tripé
Poesia, Amor e Revolução. A revolução se fez poesia
e o amor se converteu em revolução. Como diretriz
artística, o poeta optou pela vanguarda, que se
bifurcaria em vanguarda formal
e vanguarda revolucionária.
Aparentemente retórico e essencialmente prático,
foi um dos primeiros poetas a usar um vocabulário
urbano, cotidiano e destituído de aura estética,
com o qual soube, no entanto, expressar-se em
metáforas brilhantes e de meticuloso tratamento
artesanal. Isso pode ser constatado em toda a
sua obra e principalmente nas cartas de amor
escritas à Lila Brik, sua amante, companheira
e musa inspiradora.
O poeta até o fim viveu por Lila e para Lila.
Alguns biógrafos atribuem a morte precoce
do poeta, (cometeu suicídio aos 36 anos)
a vários fatores, entre eles o amor
por Lila que o consumiu demais.
Para ele, o amor era pura fonte de poesia,
e falar de amor era falar de Lila Brik.
LÍLITCHKA!
Em lugar de uma carta
Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo de inferno krutchônikh.
Recorda -
Atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo ,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mais a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?
Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa.
(à Lila)
Maiakovski pretendia uma poesia de massa e, assim
o fez, com toda a força e energia que dispunha. Fez
lucidamente, obreiramente, profissionalmente,
sinceramente. "Eu sou uma fábrica", disse ele.
E foi de fato, um operário da palavra. Fez um
discurso prático e não estético; foi útil e não
usado; declamou, não reclamou. Em suma,
foi um homem de realidade nua e crua
e não dos costumes e das modas.
Referências:
- Maiakovski: Vida e Poesia
Maiakovski Vladimir
Editora: Martin Claret
- Mistério-Bufo
Maiakovski Vladimir
Editora: Musa
A poesia de Maiakovski expressa seu lirismo, mesmo
que oculto na agressividade e amargura das imagens
convocadas e da linguagem usual. O Poeta era um
indivíduo e como todo indivíduo vivia em
subjetividade, não obstante a ênfase maior
do seu viver fosse dirigida à sociedade.
Nunca conseguiu agradar a muitos devido a
sua rebeldia, seu comportamento ideológico
de esquerda e suas tendências excessivamente
inovadoras, chamada "arte de esquerda", que
opunha-se à ideologia revolucionária.
(By Daniele)
"Sou poeta.
É justamente por isto que sou interessante".
(Maiakovski)
Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, foi um dos
principais integrantes do movimento futurista
de seu país, distinguindo-se como o mais ousado
e renovador da poesia russa do século XX.
Tornou-se um poeta marcado pelo sinete da rebeldia
exacerbada e desmedida. Apoiou sua vida no tripé
Poesia, Amor e Revolução. A revolução se fez poesia
e o amor se converteu em revolução. Como diretriz
artística, o poeta optou pela vanguarda, que se
bifurcaria em vanguarda formal
e vanguarda revolucionária.
Aparentemente retórico e essencialmente prático,
foi um dos primeiros poetas a usar um vocabulário
urbano, cotidiano e destituído de aura estética,
com o qual soube, no entanto, expressar-se em
metáforas brilhantes e de meticuloso tratamento
artesanal. Isso pode ser constatado em toda a
sua obra e principalmente nas cartas de amor
escritas à Lila Brik, sua amante, companheira
e musa inspiradora.
O poeta até o fim viveu por Lila e para Lila.
Alguns biógrafos atribuem a morte precoce
do poeta, (cometeu suicídio aos 36 anos)
a vários fatores, entre eles o amor
por Lila que o consumiu demais.
Para ele, o amor era pura fonte de poesia,
e falar de amor era falar de Lila Brik.
LÍLITCHKA!
Em lugar de uma carta
Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo de inferno krutchônikh.
Recorda -
Atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo ,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mais a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?
Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa.
(à Lila)
Maiakovski pretendia uma poesia de massa e, assim
o fez, com toda a força e energia que dispunha. Fez
lucidamente, obreiramente, profissionalmente,
sinceramente. "Eu sou uma fábrica", disse ele.
E foi de fato, um operário da palavra. Fez um
discurso prático e não estético; foi útil e não
usado; declamou, não reclamou. Em suma,
foi um homem de realidade nua e crua
e não dos costumes e das modas.
Referências:
- Maiakovski: Vida e Poesia
Maiakovski Vladimir
Editora: Martin Claret
- Mistério-Bufo
Maiakovski Vladimir
Editora: Musa
A poesia de Maiakovski expressa seu lirismo, mesmo
que oculto na agressividade e amargura das imagens
convocadas e da linguagem usual. O Poeta era um
indivíduo e como todo indivíduo vivia em
subjetividade, não obstante a ênfase maior
do seu viver fosse dirigida à sociedade.
Nunca conseguiu agradar a muitos devido a
sua rebeldia, seu comportamento ideológico
de esquerda e suas tendências excessivamente
inovadoras, chamada "arte de esquerda", que
opunha-se à ideologia revolucionária.
(By Daniele)
16 comentários:
Querida Daniele,
Um poema de um amor incandescente que ecoa nas sílabas imóveis de cada palavra. As letras rolam como se fossem arrastadas por um rio, na ânsia de chegar à imensidão do mar. Como pode ser tão imenso o amor!
Um terno e doce beijo!
Cadê a mulher de preto mais luminosa da face da terra? Anda às voltas com Maiakovski ... Tá bem acompanhada, hein, nêga?
Cada um com o companheiro que merece ... rsrsrsrs!!!
Beijão e ótima semana.
Excelente trabalho minha amiga...
PARABÉNS!!!
Passei para deixar um beijo e o desejo de uma boa semaninha.
Fica bem...fica com Deus!
Dani
Aplaudo de pé esse lindo post!
parabéns!!!
Tenha uma linda semana igual a vc!
tá tudo bem?
beijos mil!
elisabete cunha
Linda Dani, raros são os que podem escrever sobre Maiakóvski, com fidalguia e extremo conhecimento você o fez. A excentricidade foi o desenvolvimento lógico do pensamento dos futuristas. Com o declínio de Lenin, Maiakóvski e os demais futuristas russos reestruturam e reorientam a realidade.
Bravo!!!!
beijo
]aú[
Ah não, Dani! Chico Buarque já é meu ... Ops! Lembrei de que homem assim, tão perfeito, a gente tem mais é que socializar ... Tá bom, então! Fica pra nós duas, tá?
Hehehehehe!!!
a) A pretensiosa
Estamos perdidos no tempo. Não temos idade. Nossas palavras nunca morrem. Somos poetas.
Oi minha poetisa querida!
Maiakovski sabia muito das coisas da vida e da alma. Pena termos perdido. E vocÊ, como sempre, nos traz lindas lembranças dele. Obrigada.
beijos linda amiga, boa semana!
Dani, que post maravilhoso! Que poema de amor mais que perfeito!
Obrigada por me apresentar Maiakovsk
Beijos e boa semana, amiga poetisa e querida...
MInha querida amiga Dani, que amor imenso, um amor que não se pode por em palavras, tal sua grandeza. Gostei imensamente.
UM beijo minha querida amiga.
FIca bem
Furia
Querida Dani
SAÚDE E pAZ!
BEIJOS!
eLISABETE cUNHA
Daniele, minha querida
aqui estou eu para te dizer que finalmente postei o "meme" a que vc me nomeou. Espero que goste, apesar de esses dias não andar muito inspirada.
Peço desculpa pelo atraso, mas jamais esqueceria a minha promessa a vc.
Deixo uma miosótis azul e um terno beijo para vc.
Querida Dani
Conheço muito pouco de Maiakovski, e nem me arrisco a comentários. No entanto, como poesia é antes de tudo tocar sentimentos, posso dizer que me emocionei com "Lílitchka!", eis o que importa.
Saudades
Betty
Aiii minha querida amiga Dani, assim não vale!
Li e reli teus comentários com meus olhos mais parecendo uma nascente de água que brota da Terra.
Quase precisava limpa pára-brisas funcionando para te conseguir ler.
Você me toca tão profundamente com tuas palavras....vc é linda.
E tua amizade é demais!!!
Mas eu não mereço tanto, querida.
São seus olhos mágicos que me vêm assim, como vc me vê.
Eu sou uma pessoa simples, mormal, igual a tantas outras que se confundem na multidão.
Ainda outro dia alguém me perguntava se eu já tinha editado alguma coisa daquilo que escrevo.
Nada!!! E nem quero.
Quero apenas ser eu mesma, com minhas virtudes e meus defeitos.
Não quero exibicionismos nem alaridos de mim. Quero apenas escrever o que o meu coração dita e, se puder, ajudar o próximo naquilo de que ele mais necessite.
Eu sou assim!
E se por ventura meus escritos contribuirem de alguma forma para a tua felicidae ou bem estar, ficarei muito feliz por vc.
Te adoro Dani!
Xiii....isso mais parece uma declaração!
Deixo-te um beijo enorme em teu coração lindo.
PS: Estou de partida por uns dias, mas volto no meio da semana que vem. Fique bem, fique com Deus
Minha dileta Dani, como sempre você consegue transmitir muita informação em poucas palavras. Fico imaginando aqui que amor é esse que consome uma pessoa até se matar, muito bizarro, mas tem louco para tudo. Tenho andado atarefadissimo o que me tem impedido de visitar você com a frequencia que deveria. Um grande beijo saudoso.
Passei... deixei cair um beijo!
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