6/29/2007

Ei-lo


Seus trapos são adornos
da saudade mordaz,
Seu olhar é o alimento
que me sacia e refaz.

Se minha alma chora
sepulta a mágoa no mar,
Olha o céu e canta poesia
só para me encantar.

É um rio de águas claras
lavando o fel da margem impura,
É a luz do Sol mirando à Lua
que de tão tímida se insinua.


É o vendaval soprando as runas
dos meus segredos e letras nuas,
Dilui minhas verdades cruas
num tom harmônico, sem censura.

Desperta paixões no infinito azul
deslizando nas asas do vento sul,
Despe minha carne alva e pura
de toda a dor que se acumula.

Germina odores que perfumam o ar
para que eu siga a trilha,
em direção aos seus braços
que me consomem vorazes.


(by Daniele)

Agradecimentos...

Quero agradecer profundamente a delicadeza, sempre
constante, das minhas tão queridas amigas
Lênia,
Saramar e Betty, que honraram esse espaço,
indicando-o com o selo as 7 Maravilhas
da Blogoesfera.

Regulamento:

1. Podem participar na votação todos os bloggers que
se mantenham activos há mais de um mês [os outros
esperem por outra ideia brilhante que alguém irá ter].

2. Cada blogger deverá referenciar sete nomes de blogs.
A cada menção corresponde um 1 voto.

3. Cada blogger só poderá votar uma vez, e deverá
publicar as suas menções no seu blog [da forma que
melhor lhe aprouver], enviando-as posteriormente
para o seguinte e-mail:
7.maravilhas.blogoesfera@gmail.com.

No e-mail, para além da escolha, deverão indicar o
link para o post onde efectuaram as nomeações.
A data limite para a publicação e envio das votações
é dia: 01/07/2007.

4. De forma a reduzir alguns constrangimentos
[e desplantes], e evitar algumas cortesias desnecessárias,
também são considerados votos nulos:- Os votos dos
blogger(s) em si próprio(s) ou no(s) blogue(s)
em que participa(m);
- Os votos no blog O Sentido das Coisas.


No dia 7.7.2007 serão anunciados os vencedores
e disponibilizadas todas as votações.

Através desta deliciosa nomeação, devo
da continuidade indicando 7 blogs:


- Ao Encontro do Tempo by Marco

- BettyVerny by Betty

- Casa da Sogra by Hilda

- Flores Selvagens by Anna de Castro

- Momentos...by Maria

- Palavras Soltas by Vera

- Sheherazade by Regina


"Quero reiterar o que já disse anteriormente,
fiquem todos a vontade para receber ou não
e dar ou não continuidade".

-------------#-------------

Recebi esse mimo tão gracioso e suculento da minha
irmã de alma Mariliza, do
Blog Tempo de Saturno,
um ser humano raro em todos os sentidos
que adoro demais. Muito obrigada doce
irmã, os tomates irão se multiplicar,
simbolizando a nossa irmandade.

-----------#-----------

A minha querida irmã de alma Elisabete Cunha,
enviou-me o mimo acima, cujo teor nem ela sabe. (rs)
Relendo o post da querida amiga, encontrei algumas
definições para o mimo. "Foi criado pela Marta F. do
Blogue com Grelos e premia mulheres que, na sua
escrita, para além de mostrarem uma preocupação
pelo mundo à sua volta ainda conseguem dar um
pouco de si, dos seus sentires e com isso
tornar mais leve a vida dos outros.
Mulheres, mães, profissionais que
espalham a palavra de uma forma
emotiva e cativante. Que nos
falam da guerra e do amor"

O prémio “Blogue com Grelos”, destina-se a distinguir
a escrita no feminino, em toda a net lusófona. Não serão
permitidas nomeações de blogues de escrita no masculino
ou com participação masculina.

Indico duas amigas e poetisas muito queridas,
que se quiserem, peguem o selo e indiquem
ou não outras pessoas:

- Lênia by Fúria das águas

- Mariliza by Tempo de Saturno

----------#----------

Agradeço novamente, a generosidade e o carinho
da minha irmã de alma, Elisabete Cunha do
Blog Encanto, que mais uma vez me atribuiu
o Thinking Blogger. Não irei apontar outros
cinco bloggers porque já o fiz em outra
oportunidade, quando recebi das
amigas, Hilda e Vera, tão
significativo mimo.

(by Daniele)

6/25/2007

Investir na leitura, é dar formação ao povo...

No Egipto, as bibliotecas eram chamadas “Tesouro
dos remédios da alma”. A importância dada à leitura
era, para os egípcios, algo de muito precioso na
formação intelectual e social do seu povo.


Ao reflectirmos sobre as políticas que têm sido
implementadas no nosso país, facilmente chegamos à
triste conclusão que não será fácil afastarmo-nos
do pódio dos países europeus com menores
índices de leitura.

Segundo a APEL – Associação Portuguesa de Editores
e Livreiros, editam-se em Portugal por mês mil livros,
sendo na sua maioria edições de autores ou de
instituições que sequer chegam ao mercado do livro.


Ao sermos artífices da escrita e também, por vezes,
editor das nossas próprias obras, julgamos que tudo
isto se deve à difícil acessibilidade por parte dos
escritores menos mediáticos ao obscuro e até, por
vezes, pantanoso circuito editorial.

Para o mercado, é mais vendável um livro da chamada
literatura “cor de rosa”, do que um livro de poesia
ou um ensaio sobre história local. Ou seja, é preferível
encher os escaparates com “livros ocos” de algumas
vedetas televisivas, do que pôr à disposição dos
leitores obras de utilidade para a sua formação.

Este conceito leva-nos ao pensamento do filósofo alemão
Friedrick Nietzsche que a respeito da importância dos
livros, dizia: “Os leitores extraem dos livros, consoante
o seu carácter, a exemplo da abelha ou da aranha que,
o suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno”.


O incentivo à leitura, passa por um permanente
investimento na preservação das próprias raízes
históricas e na restruturação dos conceitos de
políticas de apoios, não se esquecendo os mais
jovens leitores.

A urgente existência de bibliotecas em todas as
escolas do ensino primário, onde para além dos
autores portugueses curriculares, deveriam também
ter um espaço destinado às obras de cariz local,
importante fonte de cultura e saber.

Nesta última vertente, é digno o contributo de
algumas autarquias (municípios ou juntas de Freguesia)
que mesmo sendo vítimas de cortes na “Lei das Finanças
Locais” por parte do Governo Central, têm
desempenhado uma importante contribuição à
leitura e à divulgação de novos valores,
com o apoio e edição de obras
de autores locais.

Creiam caros leitores, que ler é fazer amigos,
rodearmo-nos de pessoas fascinantes, a quem se
tem acesso sem bater à porta; bastando apenas
que voltar uma página e emergir no imaginário
mundo da escrita e quem sabe se a partir desse
momento, não iniciamos uma nova era na nossa vida.


ARTUR VAZ

Extraído do livro de crónicas em preparação
“Entre Aspas e Reticências”

6/21/2007

Ao mestre com carinho...


O nosso querido amigo Artur Vaz, convidou-me
para fazer a resenha de sua obra, que será publicada
no seu novo livro. Eu a fiz e já enviei ao mestre, porém
hoje, irei discorrer sinteticamente sobre a grandiosa
obra de Artur Vaz, pois tenho sido honrada com seus
livros, com sua presença constante e a cada dia que
se passa descubro mais a genialidade desse amigo,
poeta, cronista e jornalista português.


"Ao Mestre Artur Vaz..."

A obra de Artur Vaz (composta por crônicas e poemas) é
profundamente densa na forma e nas idéias que defende;
apresenta-se coerente, original, veemente, una.


Nas suas crônicas, como beletrista que é, encontramos
um brado forte, pois sabe como poucos usar e dar
eficácia à palavra, sedimentando alicerces profundos,
cujo objetivo é evidenciar a realidade sócio-cultural.
Constrói sobre o tripé - sociedade, ética e valores -
obras memoráveis que transformam a intelecção
do leitor. Seus poemas arrojados são verdadeiros
ensaios sobre a arte poética, com marcante
sentido social e cenas do cotidiano.

Artur faz da palavra, tanto na poesia como na crônica,
arma de combate autêntica, verbo explosivo e construtor,
conferindo àquela um significado renovador,
vital e educador.

Como artesão da dialética, emprega na linguagem
coloquial um inusitado arrojo das rimas. O mestre não
procura, ensina; não se propõe à eutimia, combate;
não se atém às quadras, permite o fluir gracioso
da letra; não busca o estético, brada a verdade
nua e crua, rasgando as entranhas
e expondo as chagas sociais.


Com a atitude contemplativa de saber olhar e entender
o mundo, capta de toda a vaga de sentimentos e
emoções que pela fina escrita se evidenciam como
sinais de não haver outras inquietações. E, assim,
esse obscuro sentido das coisas se decanta
"VAGUEANDO" em um "embalar melódico,
que parece ir embalando meu coração tristonho
e frio como a areia que os meus pés vão pisando",
na
harmoniosa frequência de vocábulos como "melódico",
"tristonho", "embalando", "olhando", "pisando",
"infinito", "desejado", "encontro", "abandono".
O que mais se observa na carga expressiva da sua
obra poética é o nítido tom desenfadado e subtil
de captar o sentido profundo das coisas,
sentimentos e idéias.

"Ao Mestre com carinho..."

Mestre amigo,
parceiro sereno,
doce e autêntico,
generosidade aflorada,
palavras precisas,
serenas firmezas,
o verbo na polpa dos dedos,
à flor do coração, em carne viva.

(by Daniele)

6/19/2007

Chico Buarque: Puro Sentimento!

Hoje comemoramos os 63 anos de vida do maior
cancioneiro da nossa MPB, o magistral Francisco
Buarque de Hollanda
, compositor, cantor e escritor.
Falar sobre Chico é falar sobre "unanimidade nacional",
referência obrigatória em qualquer citação à música
brasileira. Chico é reverenciado mundialmente,
através das suas composições absurdamente
belas e através dos seus livros memoráveis.

Nos últimos quarenta anos, não há como separar a
influência poética, harmônica e melódica de suas
composições ao amadurecimento da MPB. Chico também
ficou marcado na música brasileira como o homem que
melhor conseguiu compor como mulher. Mulheres de
Atenas, Tatuagem, Atrás da porta, Folhetim,
Pedaço de mim, entre outras, são pérolas
de seu lirismo feminino.

"Preciso não dormir, até se consumar, o tempo da gente,
Preciso conduzir um tempo de te amar, te amando
devagar e urgentemente. Pretendo descobrir no
último momento, um tempo que refaz o que desfez,
que recolhe todo o sentimento e bota no corpo uma
outra vez. Prometo te querer até o amor cair doente,
doente...Prefiro então partir a tempo de poder a
gente se desvencilhar da gente. Depois de te perder
te encontro, com certeza, talvez num tempo da
delicadeza, onde não diremos nada...nada
aconteceu, apenas seguirei como
encantado ao lado teu"

(Todo o Sentimento: Chico Buarque e Cristovão Bastos)



Vez por outra Deus força a mão e cria um talento único.
Quando a este talento se unem a inteligência e a
sensibilidade, mesclando o artista ao intelectual,
a coragem ao humor e a cultura aos olhos verdes,
aí surge Chico Buarque de Hollanda.

"Quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era
de adeus, juro que não acreditei, eu te estranhei, me
debrucei sobre teu corpo e duvidei e me arrastei e
te arranhei e me agarrei nos teus cabelos, nos teus
pelos, teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama, sem
carinho, sem coberta no tapete atrás da porta,
reclamei baixinho. Dei pra maldizer o nosso lar,
pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a
qualquer preço, te adorando pelo avesso, pra
mostrar que ainda sou tua...Só pra provar que
ainda sou tua... "
(Atrás da Porta: Chico Buarque e Francis Hime)


Chico é um desvario, artesão habilíssimo, lê as nossas
entranhas. Sua lírica dramática é extremamente
sensível ao corpo que sofre e goza. Sua poesia-
música está cheia de imagens de contundência
e intensidade corporal, ela capta a entranha
senvível e por isso é tão fina para o erótico,
o social (lendo o futuro tal como ele se
inscreve nas vísceras) e o feminino
sempre tão marcante.



"Ah, se já perdemos a noção da hora, se juntos já
jogamos tudo fora, me conta agora como hei de partir.
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
rompi com o mundo, queimei meus navios, me diz pra
onde é que ainda posso ir. Se nós, nas travessuras
das noites eternas, já confundimos tanto as nossas
pernas, diz com que pernas eu devo seguir. Se
entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça
do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu.
Como, se na desordem do armário embutido, meu paletó
enlaça o teu vestido e o meu sapato ainda pisa no teu.
Como, se nos amamos feito dois pagãos, teus seios
ainda estão nas minhas mãos, me explica com que
cara eu vou sair. Não, acho que estás só fazendo
de conta, te dei meus olhos pra tomares conta,
agora conta como hei de partir"
(Eu te amo: Chico Buarque e Tom Jobim)

Ouvir, ler Chico é ter uma riquíssima aula de língua
portuguesa é ser inundada pelo que há de mais belo,
denso e avassalador ! Saber de Chico é uma alegria
infinita, porque esse homem incomparável além de
todos os atributos que possui é Brasileiro!


A obra de Chico é tão genial, que ao ouvi-lá descobrimos
ser ela sozinha uma antologia da nossa música popular.

(by Daniele)

Deixo abaixo uma das músicas mais lindas da MPB,
letra de Chico Buarque e melodia de Tom Jobim,
"Eu Te Amo".

6/15/2007

Eu Te Amo!


Quero penetrar em tua alma,
mergulhar em teus segredos,
tirar de ti todos os medos,
encontrar o sol que guardas,
afugentar tuas sombras,
embalar-te nas ondas.
Cultivar teu sorriso
incontido, demasiado,
colher contigo alegria
desmesurada, infinita.
Que fluas como os rios
desaguando nos mares.
Qual pássaro livre
voe célere pelos ares.
Tua vida seja tua,
mas que divida comigo,
uma só noite de lua.

"Essa poesia eu escrevi faz 12 anos
para um amor inigualável"

E por falar em amor, recebi da minha irmã de alma,
Elisabete Cunha, do
Blog Encanto e de outra irmã de
alma, minha doce Tina do
Blog BlueMoon o Award
acima que corresponde aos Blogs que emanam amor.
Minhas amadas Elisabete e Tina
,
muito emocionada
fiquei com o gesto e com a lembrança.Agora tenho
a missão de nomear 15 Blogs que também emanam
amor. A priori eram 10, mas não me contive.
Todos que comungam comigo
emanam e exalam amor:

Ao Encontro do Tempo by Marco

- BettyVern by Betty

- Blue Moon by Tina

- Casa da Sogra by Hilda

- Esboço by Angela

- Fúria das Águas by Lênia

- Impulsos da Alma by Cleo

- Last Good Bad Ideia by João

- Mago dos Sonhos by Mago

- Momentos by Maria

- NimbyPolis by Nilson

- Palavras Soltas by Vera

- Poemusicas by Naemo

- Poliedro by A.S.

- ReLua by Regina

Meus queridos(as) deixo-os totalmente a vontade para
pegarem ou não o award e darem ou não continuidade.
Jamais quebrei as regras de algo que me foi passado,
mas desta vez não houve como, se algum dos que
indiquei quiser atribuir à 5, 10, 15, fiquem
isentos do protocolo, pois eu o quebrei.Percebi
visitando os blogs que sem saber acabei atribuindo
à inúmeros amigos que já receberam. Peço desculpas
pela minha falha. E com todo o amor também atribuo
às minhas queridas
Elisabete e Tina
esse mimo tão expressivo.

Os demais blogs da minha lista já foram premiados,
por esse motivo não os mencionei. Mas sempre quero
que se lembrem que é para todos, porque todos
emanam o sentimento mais nobre que há:
O AMOR.

(by Daniele)

6/09/2007

Vagueando


Vagueio

p’la areia da praia sombria

olhando o mar ao longe

com o seu embalar melódico

que parece ir embalando

meu coração tristonho

e frio como a areia

que os meus pés vão pisando.

Vagueio,

dentro da minha imaginação

como estivesse perdido no infinito

sem ter uma rota certa

que levasse ao encontro

dum corpo por mim desejado.

Vagueio,

na escuridão da noite fria

por entre ruas desertas

duma cidade solitária

onde o abandono é a farsa

duma tristeza constante

e severina.


ARTUR VAZ


in: “Poemas”, editado em 1994

6/07/2007

Literatura: Uma paixão!

Fui convidada pelo amigo Mário do Blog Apoio Fraterno
à discorrer sobre os últimos livros que li. Acabei de ler
os livros que foram o alvo do meu último post, sobre
Maiakovski. - Vida e Poesia e Mistério Bufo (ambos
de Vladimir Maiakovski), A poética de Maiakovski
de Boris Shnaiderman e I Love, the story of Vladimir
Maikaovski and Lilia Brik,
dos escritores americanos
Ann e Samuel Carters. Por esse motivo citarei
dois livros que li, reli e considero-os entre
outros, obras primas da literatura:

"O Amor nos tempos do cólera"
Gabriel García Márquez
Editora: Record

Esse livro entre outros está na minha cabeceira, sou
apaixonada por todas as obras do genial escritor
colombiano, Gabriel García Márquez. Já reli esse
livro incontáveis vezes e se alguém ainda não
leu, indico sem temor, como indico toda a obra
de Gabriel, também conhecido por Gabo.

Em O amor nos tempos do cólera, Florentino se apaixona
pela trança de Fermina, o romance dura algumas cartas,
mas ao conhecer seu admirador, a moça o rejeita e se
casa com Urbino, com quem vive por quase cinquenta
anos. O amor de Florentino, porém, persiste a vida
inteira. No final do livro, Florentino e Fermina
se reencontram para resolver a antiga história.

O autor não tem o menor pudor de usar todos os
recursos de sedução da línguagem para nos enredar,
nos prender. E os usa com genialidade! Há um
um encanto nas comoventes banalidades
do amor cotidiano.

"O amor nos tempos do cólera" é uma rica enciclopédia
sobre o amor, e em suas páginas podem-se encontrar
praticamente todas as manifestações reais ou
imaginárias desse sentimento tão cruel quanto
maravilhoso. O amor segundo o mestre é tão
pessoal que faz o leitor repensar os limites
que ele próprio impõe aos seus sentimentos.

Márquez realiza nesse livro seu vôo mais próximo da
linguagem popular caribenha, o que explica a intensa cor
local de sua prosa, cheia de versos de música e modos
verbais inusitados para aqueles que têm a boa fortuna
de conhecer o espanhol. "O amor nos tempos do cólera"
é o livro que mais se alimentou da biografia pessoal
e familiar de Márquez.

Esse romance é o preferido de Márquez, como afirmou
inúmeras vezes e, sem dúvida, é mais factual e menos
metafísico que "Cem anos de solidão", romance que
deu ao autor a projeção internacional. Por "Cem
anos de solidão", Gabo recebeu em 1982
o Prêmio Nobel de Literatura.

------------#------------

"O Grande Gatsby"
F. Scott Fitzgerald
Editora: Record

O Grande Gatsby é um romance que de alguma forma
se une a vida do autor, Francis Scott Fitzgerald, o
escritor que pelo estilo de vida boêmio, tornou-se
o ídolo da chamada "geração perdida", que
proclama a falência do sonho norte
americano de uma sociedade
harmônica.


Scott junto a sua mulher Zelda, viviam uma espécie de
conto de fadas. Ambos eram ricos, bonitos e viveram
freneticamente, ditaram um estilo de vida,
cobiçado por muitos.

Dilapidaram o patrimônio, Zelda era esquizofrênica,
terminou seus dias em um manicômio (onde morreu
em um incêndio), enquanto Scott tentava continuar
escrevendo, mas não obteve êxito. Morreu aos
44 anos, após duas tentativas de suicídio,
entregue ao alcoolismo e ao ostracismo,
deixando uma obra inacabada, "O Grande
Magnata". Todas as obras de Scott
Fitzgerald são belíssimas.

No livro Gatsby acumula grande fortuna e se torna figura
lendária de uma América próspera, embalada pelo ritmo
do jazz, as máquinas de Detroit e o cinema.A estória de
ascensão é narrada por Nick Carraway, um convidado
assíduo às festas de Gatsby. Carraway logo descobre
a infelicidade íntima de seu "herói", que cultiva
um antigo amor, mal resolvido, por Daisy que é
esposa de um milionário. Gatsby e Daisy se
reencontram e tornam-se amantes. Há
uma intriga no livro que leva Jay
Gatsby a um fim trágico.

Romântico e sentimental, de uma beleza melancólica
e triste, o livro retrata a recusa da maturidade, a
incapacidade de envelhecer e uma obstinação:
a de continuarem jovens, ricos
e belos eternamente.

(by Daniele)

P.S.: Por estar extremamente azafamada e com
visitas, não participei da blogagem coletiva sobre
um planeta limpo, tema extremamente relevante
e sério, pois se não nos conscientizarmos dos
problemas relacionados ao meio ambiente o
nosso planeta sucumbirá. A iniciativa foi
do nosso amigo
Lino Resende. Me uno
a todos nesta causa e deixo meus
parabéns ao Lino e à todos
os participantes.

6/04/2007

O Poeta Futurista

(1893-1930)

"Sou poeta.
É justamente por isto que sou interessante
".
(Maiakovski)

Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, foi um dos
principais integrantes do movimento futurista
de seu país, distinguindo-se como o mais ousado
e renovador da poesia russa do século XX.


Tornou-se um poeta marcado pelo sinete da rebeldia
exacerbada e desmedida. Apoiou sua vida no tripé
Poesia, Amor e Revolução. A revolução se fez poesia
e o amor se converteu em revolução. Como diretriz
artística, o poeta optou pela vanguarda, que se
bifurcaria em vanguarda formal
e vanguarda revolucionária.

Aparentemente retórico e essencialmente prático,
foi um dos primeiros poetas a usar um vocabulário
urbano, cotidiano e destituído de aura estética,
com o qual soube, no entanto, expressar-se em
metáforas brilhantes e de meticuloso tratamento
artesanal. Isso pode ser constatado em toda a
sua obra e principalmente nas cartas de amor
escritas à Lila Brik, sua amante, companheira
e musa inspiradora.

O poeta até o fim viveu por Lila e para Lila.
Alguns biógrafos atribuem a morte precoce
do poeta, (cometeu suicídio aos 36 anos)
a vários fatores, entre eles o amor
por Lila que o consumiu demais.


Para ele, o amor era pura fonte de poesia,
e falar de amor era falar de Lila Brik.


LÍLITCHKA!

Em lugar de uma carta
Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo de inferno krutchônikh.
Recorda -
Atrás desta janela

pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.

No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo ,
lançarei meu corpo à rua.

Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.

De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.

Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.

Afora o teu amor

para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.

Afora o teu amor

para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele trocaria sua amada por dinheiro e glória,

mais a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.

Afora o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,

e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?

Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa.

(à Lila)

Maiakovski pretendia uma poesia de massa e, assim
o fez, com toda a força e energia que dispunha. Fez
lucidamente, obreiramente, profissionalmente,
sinceramente. "Eu sou uma fábrica", disse ele.
E foi de fato, um operário da palavra. Fez um
discurso prático e não estético; foi útil e não
usado; declamou, não reclamou. Em suma,
foi um homem de realidade nua e crua
e não dos costumes e das modas.

Referências:

- Maiakovski: Vida e Poesia
Maiakovski Vladimir
Editora: Martin Claret

- Mistério-Bufo
Maiakovski Vladimir
Editora: Musa


A poesia de Maiakovski expressa seu lirismo, mesmo
que oculto na agressividade e amargura das imagens
convocadas e da linguagem usual. O Poeta era um
indivíduo e como todo indivíduo vivia em
subjetividade, não obstante a ênfase maior
do seu viver fosse dirigida à sociedade.
Nunca conseguiu agradar a muitos devido a
sua rebeldia, seu comportamento ideológico
de esquerda e suas tendências excessivamente
inovadoras, chamada "arte de esquerda", que
opunha-se à ideologia revolucionária.


(By Daniele)